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Quem deve apresentar o podcast da sua marca?

Por Kattie Laur do pacific-content.com

Para marcas que estão entrando no mundo dos podcasts, a grande dúvida no início geralmente é: qual será o papel desse podcast? Ele funcionará como um anúncio ou será uma ferramenta de awareness da marca? Vai integrar o funil de vendas? Será um recurso informativo? Independentemente da função, na minha visão, os melhores podcasts de marca são criativos, inteligentes e fazem a marca parecer mais humana.

Na maioria das vezes, isso significa que um bom podcast de marca não é uma conversa entre dois executivos do alto escalão. Isso não quer dizer que não existam CEOs carismáticos por aí, mas, para marcas que querem que seu podcast se destaque e gere impacto, vale olhar para o zeitgeist cultural e procurar a personalidade ideal para representar sua história — seja uma celebridade, um criador de conteúdo, um jornalista ou até um talento escondido ali no terceiro andar. Então, entre celebridades, especialistas e talentos internos, quem é o melhor apresentador para o seu podcast? Aqui vão alguns caminhos:


Celebridades e influenciadores

De nomes A-list aos D ou F, contratar uma celebridade para apresentar seu podcast pode ser uma excelente estratégia para dar credibilidade imediata ao programa. Só a presença de um rosto (ou voz) conhecido já pode ser suficiente para convencer alguém a dar play — sem precisar investir tanto em divulgação. O lado ruim é que esse investimento provavelmente vai consumir todo o orçamento de marketing.

Celebridades costumam ser bem treinadas para a mídia — sejam atores, músicos, estrelas de reality ou influenciadores. Isso significa que, mesmo não sendo especialistas no tema, eles funcionam bem como "leigos qualificados" que representam os ouvintes, e podem ajudar a tornar um assunto complexo mais acessível. Pense como se o sofá da Drew Barrymore fosse, na verdade, o seu podcast.

Mas notoriedade vem com logística complicada. Se você optar por uma celebridade, prepare-se para prazos de produção longos e para fazer a maior parte do trabalho sozinho. A menos que o projeto seja realmente pessoal para a pessoa (como Wiser Than Me ou Conan O’Brien Needs a Friend), ela vai aparecer apenas para gravar. E só. Agendar gravações será difícil entre os compromissos que ela já tem.

Além disso, o nível de envolvimento com o conteúdo será raso. Seu apresentador famoso provavelmente só vai ler rapidamente o roteiro antes de gravar. Contratar uma celebridade é uma forma cara de contar histórias superficiais — mas, se a sua meta é impactar a cultura pop, talvez valha o investimento.


Especialistas no assunto

Como produtora, meus hosts favoritos são os especialistas — jornalistas, pesquisadores, autores, críticos, professores, blogueiros... No fim do dia, são pessoas que dominam o tema, são apaixonadas por ele e querem compartilhar isso. Um ótimo exemplo é Katy Milkman, apresentadora do Choiceology, um podcast da Charles Schwab. Ela é cientista comportamental, e essa bagagem define as conversas que leva ao programa — que, aliás, não fala sobre finanças, mas sim sobre decisões de alto risco.

Com um especialista, você quase sempre terá alguém envolvido e dedicado. Muitas vezes, eles ajudam desde a pesquisa e roteiro até a escolha dos convidados. Conhecem os bastidores da área, sabem quem são os nomes mais interessantes e conseguem aprofundar os debates.

O jornalista Simon Owens comentou algo parecido em sua newsletter sobre mídia: no futuro da creator economy, ter um diploma avançado será uma vantagem competitiva. “Os maiores canais de finanças são comandados por ex-banqueiros de Wall Street”, diz ele. “Os maiores canais de saúde por médicos. Os maiores canais de carros por mecânicos profissionais. É muito legal que vivemos em um ecossistema onde qualquer carreira pode virar uma mídia independente.”

Por outro lado, quanto mais envolvido o especialista, mais ele vai querer que o conteúdo esteja alinhado com seus valores. Isso pode gerar atritos editoriais, pois o caráter “branded” do conteúdo pode ser deixado de lado. Mas também pode resultar em um programa de altíssima qualidade, que fideliza a audiência e, no longo prazo, traz mais visibilidade para a marca.

Contratar um especialista custa bem menos que uma celebridade, mas ainda exige investimento. A boa notícia é que o retorno costuma compensar.


O talento interno (e subestimado)

Se o seu orçamento for apertado, isso não significa que você não pode fazer um ótimo podcast de marca. Muitas organizações esquecem de olhar para dentro na hora de escolher quem vai apresentar o programa — e isso pode ser um grande erro.

Quase toda empresa tem colaboradores carismáticos, engajados e que se comunicam super bem. Aquela pessoa que lidera comitês internos, que brilha nas reuniões de cultura, que resolve pepinos com clientes no Zoom e ainda arranca risadas da equipe nos encontros diários.

O melhor host interno é alguém com relacionamentos positivos dentro da empresa e que tenha orgulho do trabalho que faz. E, geralmente, não está na diretoria.

É comum pensar que um executivo de alto escalão seria a escolha óbvia — mas gravar e preparar um podcast raramente está no top 5 (ou top 10) das prioridades de um CEO. Isso pode atrapalhar muito o fluxo de produção. Fazer media training com um funcionário engajado costuma ser bem mais fácil e produtivo.

Se sua empresa tem uma boa cultura interna, significa que os funcionários já compraram a história da marca — e a conhecem melhor do que ninguém. Eles são a voz da companhia.

Um dos meus podcasts favoritos era o The Cut on Tuesdays, da New York Magazine. Os melhores episódios eram quando a equipe de redação — normalmente só vista nas assinaturas dos textos — pegava o microfone para compartilhar experiências e opiniões pessoais. Isso revelou a humanidade por trás do conteúdo e me fez amar ainda mais a revista. Eu me conectei com as pessoas, não só com os temas.

Você não precisa ser famoso ou ter PhD para ser um ótimo apresentador. Às vezes, esses são justamente os menos interessantes. Ao valorizar o talento interno — mesmo com ou sem verba —, você cria algo engajador e autêntico, e ainda reforça a cultura da empresa. Um podcast com host interno pode ser uma ferramenta poderosa de marketing e também um sinal de valorização dos colaboradores.

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